A escrita para blogs
 



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A escrita para blogs

entrevista com Solon Saldanha


Solon Saldanha é jornalista há mais de 40 anos, tem especialização em Comunicação e Política, além de mestrado em Letras. Com experiência na mídia impressa, rádio e assessoria de imprensa, atua como revisor estilístico de textos e professor universitário. Ex-aluno da Metamorfose, mantém um blog com crônicas e dicas de escrita, o www.virtualidades.blog



Nesta entrevista, Solon conta como é o dia a dia de alimentar um blog de escrita e quais os benefícios dessa prática. Leia a entrevista na íntegra para saber mais sobre os processos para quem deseja manter uma rotina de escrita para blogs e redes sociais.

Confira a entrevista na íntegra:

Você tem um blog alimentado com seus próprios textos. Conte um pouco da história do blog, de como surgiu a ideia, qual foi o objetivo inicial e como é hoje a sua relação com ele.

Eu comecei a escrever no blog em abril de 2020, em função da pandemia. Ficava mais tempo em casa, com menos coisas para fazer. Foi uma válvula de escape para a ansiedade. Na realidade, eu já pensava nisso bem antes, claro. Mas só quando as circunstâncias quase me forçaram é que eu parti para a realização, para a prática. Antes eu imaginava que precisaria de algum profissional que fizesse a arquitetura da página, que me auxiliasse. Só que isso se tornava proibitivo, pelas circunstâncias e pelo custo. Então, acompanhei alguns tutoriais, fiz a minha inscrição no WordPress, optando por uma alternativa paga, mas não cara e comecei. Textos eu tinha alguns poucos feitos. Por isso, resolvi estabelecer também uma disciplina de produção constante. A cada dois dias, tenho um novo, sem falta. Algumas vezes, produzo mais do que publico, nesse caso, crio uma reserva. Em outras, me aperto, tendo que fazer no mesmo dia em que posto. Só que não me permito falhar. Isso é como ir à academia, fazer exercícios: se a preguiça te vence um dia, pode colocar tudo a perder e você falha outro, mais outro. Até agora tem dado certo.

Por que você optou por um site e não pelas redes sociais como principal meio para divulgar o seu trabalho e seus textos?

Eu ainda gosto mais desse sistema. Acho que as redes sociais podem ajudar na divulgação, mas não são necessariamente as apropriadas para a postagem da publicação. Aliás, nas primeiras vezes, eu apenas avisava para os amigos, mais nada. Depois passei a colocar um resumo como chamada na minha página no Facebook. Só que algum tempo depois eu acabei censurado por eles, não devido ao blog, mas por algumas outras publicações que fiz, com críticas ao governo. Alguém me denunciou e fui bloqueado. Eles sequer te dão chance de ampla defesa, você apenas pode pedir que reconsiderem, mas a empresa decide sozinha e fim. Sem apelação. Então, passei a enviar convites para grupos no WhatsApp e voltei a ter leitores em número crescente. Um terceiro momento foi começar a interagir com outros blogueiros. Isso ramifica e expande teu trabalho por outros caminhos, inclusive no exterior. Exatamente hoje, 24 de setembro de 2021 (data que essa entrevista foi realizada), tenho 273 postagens e atingi 65.859 visualizações. Pode não ser muito, mas já entendo como um número considerável, para quem começou assim, de forma amadora e sem maiores pretensões.

Como você lida com a “obrigação” de publicar textos com uma determinada frequência? Como a criatividade e a inspiração encontram essa constância?

Para mim isso não tem o peso de uma obrigação, mesmo sendo. Faço com prazer. Transformo isso numa hora minha, de recolhimento e ao mesmo tempo de lazer. Ali, naquele momento, sou eu comigo mesmo. Não é que eu seja um solitário, mas me permito estar só. Não é diante de uma folha em branco, porque hoje se escreve direto no computador. Mas escrever, acreditem, não tem que ser algo pesado, doloroso. Pode ser feito sem que pareça um sacrifício. Até porque se fosse, não valeria a pena fazer isso. Quanto à inspiração, a gente vai aprendendo a olhar para tudo como sendo uma oportunidade de relatar. Para mim funciona porque não imponho limites aos temas: pode ser uma notícia na TV, uma música que ouço, uma recordação da infância ou da adolescência, séries, outras pessoas... o cotidiano, enfim. Escrevo também com um olhar crítico, falo de política e até de esporte, de futebol mesmo. Mas daqui a pouco estou abordando uma questão filosófica, citando coisas como o tempo e outras abstrações. Acho que essa pluralidade agrada, até porque todos nós somos muitos ao mesmo tempo.

Como você faz a divulgação do seu blog?

Apenas envio convites pelo WhatsApp. Mas muitos dos que recebem também repassam e isso vai formando uma corrente positiva. A propagação se torna maior do que se imagina. E existe sempre a chance de ser divulgado por algum colega blogueiro que goste da postagem de determinado dia. Se ele reblogueia então, a coisa ganha ainda maior impulso. Há textos que ficam dias e dias sendo lidos. Eu acompanho os relatórios diários, com as estatísticas. Alguns outros repercutem menos. Vai muito de questões como oportunidade do tema escolhido. E ter sorte também ajuda.

Você tem formação em jornalismo e escrita criativa. Como nasceu a paixão pela escrita literária na sua vida e o que ela representa hoje para você?

Eu sempre gostei de literatura, ainda antes de fazer o curso de jornalismo. Também me arrisco uma vez por outra com contos e minicontos. Mas esses ainda não estou publicando. Eu acredito que a escrita é valiosa na reprodução da realidade (jornalismo) do mesmo modo que na criação de realidades (literatura). Até porque o mundo seria insuportável sem informação e sem devaneios. A realidade seria ou desconhecida, ou insuportável. Portanto, ambas as alternativas de escrita são necessárias.

Que dicas você daria para os escritores que desejam divulgar os seus trabalhos? Pode ser em relação a ter um site e a outros pontos que você considera relevantes.

Não sei se tenho tanto conhecimento assim, a ponto de poder ensinar. Talvez as dicas básicas sejam: produzam, aprimorem a qualidade da produção, busquem seus próprios caminhos e sejam felizes. Escrever com alegria e paixão é essencial. Isso qualifica aquilo que é feito. E algo bom termina sendo conhecido e aceito. Um pouco de talento lógico que é necessário, mas a técnica pode ser aprendida. E a disciplina precisa ser conquistada. Também recomendo cursos sérios e ler muito. Uma criança só aprende a falar porque escuta; para se aprender a escrever é preciso que se leia muito. Escolhendo o que ler com critério, claro.

Se quiser saber mais sobre o autor e acompanhar seus textos, acesse: www.virtualidades.blog

 

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